Wednesday, October 26, 2005

Saudade

Ontem fez 8 anos q meu avô, pai do meu pai faleceu.
Vovô Lourenço foi um homem de muito carisma, muita bondade e muita inteligência, sempre ajudou os mais necessitados e sempre foi uma pessoa muito apegada a sua familia, uma grande perda que nos deixou muita saudade e tb muitas lembranças.
Lembranças que pra sempre ficarão guardadas em nossa mente e nosso coração.

Vovô e Tia Miriam
2 anjos no céu, q vossas luzes nunca se apague.

Deixo aqui um texto escrito pelo meu tio Mourão...

JOSÉ LOURENÇO DE ARAÚJO MOURÃO

“Um homem de bem”

Por Domingos Mourão Neto

Considerado um dos mais respeitáveis oradores da história política do Piauí, natural de Pedro II – localidade serrana que venerava - o jurista-escritor, jornalista, procurador de Justiça do Distrito Federal e ex-deputado José Lourenço de Araújo Mourão, viveu sua trajetória como um homem voltado para o bem e para fazer o bem aos outros.
Político e homem simples, ligado ao povo e à terra, quando deixou Teresina para morar em Brasília, em 1963, e assumir cargo de promotor e chefe de gabinete do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios, ele também conquistou quem o conhecia no Planalto Central. Deixou a vida que tanto amava no Piauí, levou a saudade do pai, o velho coronel Domingos Mourão Filho, para galgar os degraus que o deixaram em destaque também na história da magistratura brasileira. Nesse tempo era colega de Assembléia Legislativa, do então deputado Petrônio Portela, de quem foi aliado em alguns pleitos eleitorais.
Alem de colegas novos, mineiros, goianos, cariocas, fruto do trabalho no Ministério Público, José Lourenço circulou muito na periferia de Distrito Federal, onde moram os humildes, e recebia também muitos piauienses em casa, na superquadra 305 Sul, no Plano Piloto. Era gente que precisava de favores dos mais variáveis, desde uma simples passagem de ônibus para voltar à terrinha, ao acompanhamento de processos criminais e cíveis para aqueles que não podiam pagar os serviços jurisdicionais, e até mesmo para almoçar.
José Lourenço, faleceu em 1997, em um acidente de automóvel, juntamente com a irmã e viúva do saudoso advogado José Eduardo Pereira, Miriam. Ele morreu poucos dias depois de promover sua festa de aniversário, na casa da Socopo, onde vibrou com a presença dos amigos. Estava ainda, aos 72 anos, um homem lúcido, inteiro, e de raro bom humor. Tratava assuntos dos mais graves com a leveza de quem tinha a certeza que aquilo passaria.
Aquele ilustre piauiense detinha uma espirituosidade bem conhecida. Contava estórias ao seu jeito, exagerando em alguns tópicos justamente para fazer as pessoas rirem. Ele gostava de uma boa platéia. Suas piadas eram geralmente regionais ou relativas a alguém conhecido. Não eram as piadas de rua ou da literatura.Apelidava seus correligionários e adversários de acordo com as fases eleitorais das quais sempre participava, mesmo que somente para ajudar a eleger amigos. E elegeu várias vezes, em embates memoráveis, geralmente travados contra seu mais ferrenho e valoroso adversário, o deputado Nogueira Filho, de tradicional família pedrossegundense, falecido há dois anos..
Ele promovia os compositores e talentos entre os pedrosegundenses que o seguiam. Era o caso do “cumpade Carolho”, ou compositor Antonio Tomás, conforme respeitosamente José Lourenço o chamava. Isso para elevar a auto-estima daquela gasta personalidade do folclore local. “Carolho”, esquecido nos becos da cachaça, foi alçado à condição de compositor oficial da coligação Mourão-Chico Barros. E compôs uma música inesquecível, cuja entonação era a marca de uma campanha dos anos 70, “O Jarro”. Esse título tinha a pretensão de rimar jarro com Chico Barros (ou Barro), que era o candidato a prefeito contra “os bodes”, como eram chamados os adversários ligados aos Nogueira.
A música dizia mais ou menos assim: “Agora já chegou o jarro, Francisco Barro, com ele na mão. Agora a coisa vai ser diferente, pois com essa gente nós ganha a inleição”.
Após uma vitória apertada para a prefeitura, um jarro foi carregado como estandarte e o compositor foi carregado nos braços, tudo isso sob a batuta do agradável José Lourenço.
Muitas são as histórias sobre ele, sobre suas tiradas. Uma delas refere-se a um “caba” que foi visitá-lo na Fazenda Tamboril, local quente do sertão, mas a terra predileta por causa dos olhos d’água onde gostava de se banhar depois de um passeio a cavalo. O caba, vaqueiro cujo nome não lembro, pediu a ajuda do deputado para vingar-se de um sujeito que lhe havia dado uma surra num arrasta-pé.
-Doutor, ele me deu um tapa no “pé da urêa”. Chegou a arrancar um lubinho (cisto) que eu tinha embaixo do olho – reclamou o caba, querendo vingança.
-Mas rapaz, se o caboco te deu um tapa e te livrou de um lubinho na cara, ele fez foi te operar, foi melhor que um médico. Tu devia era agradecer ao rapaz – ponderou José Lourenço, com a aceitação do reclamante e os risos dos vaqueiros que ficavam na varanda contando “causos”.
José Lourenço era isso. Certa vez perdeu uma eleição para o Legislativo mesmo recebendo a fantástica – para a época, 1978 – votação de 11 mil eleitores somente em Pedro II. Foi a aritmética da legenda. Para se fazer uma comparação, seu irmão, o ex-deputado e médico Gerson Mourão, em 1986, foi eleito deputado estadual com quase sete mil votos mas em todo o estado, a maioria conseguidos em Teresina, onde foi mais reconhecido. O fato se deu devido ao peso da coligação vitoriosa entre Alberto Silva e Lucídio Portella, o que não ocorrera em 78.
Dia 25 de outubro completam oito anos que ele e Miriam foram embora. Espero que estejam olhando por nós. Espero que José Lourenço possa continuar lá fazendo o bem que sempre fez aqui, entre os mortais.

4 comments:

Anonymous said...

"A luz do pensamento voa no cósmico da realidade.
O amor, a paz, o poder, as emoções passarão por um descontentamento descontente.
O que seria eu sem essa percepção?
Os meus sentidos me condicionem...
A algum lugar.
O Universo das verdadereiras coisas.
O próximo ocorrer?
A liberdade..."

Estava em busca da terra do nunca já algum tempo, parece que achei!
Um beijo Mary.

Anonymous said...

as saudades e as doces lembranças ficam!
bjo pra vc,mamá!

Anonymous said...

Eu tive o prazer de conhecer esse ser marailhoso que é José Lourenço, digo é: porque ele continua em algum lugar no cosmo a sua evoluçao como ser de luz. Sempre humano, com seus conselhos sabios e energia doce, seu sorriso de criança, suas brincadeiras e sempre que me encontrava numa festa adora dançar com ele, ao som do Louis Amstrong, jazz de St.Louis. Pé de valsa como ele, só meu pai Luiz Paiva! Eu sei que um dia o encontrarei como tb encontrarei meu pai, e tia Mirian. Mulher de garra suave como as flores que ela cultivava. Nós nos veremos sim em outra dimensão e sei que continuaremos nossa evolução. Nunca vou esquecer o dia que ele veio no meu sonho se despedi de mim... tão real. Nunca vou esquecer suas palavras.
Sei q no cosmo nao existe tempo, o tempo é ilusaõ humana. Por isso, continuamos juntos apenas nao vemos a presença fisica.
Filha amei a homenagem do tio Mourao e a sua para Tia Mirian e o seu avô Lourenço.
Luz e paz
bjs mamy

Anonymous said...

BOm dia xuxu...
pois eh eu nem lembro muito bem dos meus avos...foram muito cedo!

maaaaaaas mary ja que eh p falar de saudades , bora falar das saudades de agora , vou morrer de saudades de vc , mas ai vou pensar que vc vai estar feliz da vida, ai vai diminuir um pouquinho , mas queria muuuuuito te levar p o Rio comigo!fico imaginando o estrago nois duas la!