Segundo minha própria observação, acho que a mulher não separou, como o homem, amor e sensualidade. Amor e sensualidade estão geralmente interligados na mulher; ela precisa amar o homem ao qual se entrega e ser amada por ele.
Na relação amorosa ela precisa estar segura de que se trata de amor e de que o ato sexual representa apenas uma parte da troca ditada pelo amor. Os homens costumam se queixar de que as mulheres necessitam de segurança e exigem provas de amor. Os japoneses reconheceram essa necessidade e antigamente era de regra que o homem escrevesse, após uma noite de amor, um poema que deveria chegar à amada antes do seu despertar. Não seria esta uma maneira de vincular o ato amoroso ao amor?
Acho que as mulheres reparam até hoje numa partida precipitada ou na falta de respeito ao ritual que foi cumprido; elas ainda precisam das juras, do telefonema, da carta, gestos que fazem do ato sexual um ato único, e não anônimo e puramente sexual.
Pode ser que esse aspecto desapareça – ou não – na mulher moderna, decidida a renegar todos os componentes de sua antiga personalidade, e que ela chegue a separar o sexo do amor, o que, na minha opinião, diminuirá o prazer e prejudicará a qualidade do ato amoroso. É o conteúdo afetivo ato amoroso que o realça, o eleva e o intensifica. Como a diferença entre um solista e as ricas variações de uma orquestra.
-Anaïs Nin-
O erotismo feminino (publicado em Playgirl, abril de 1974.)
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